CLEPSIDRA
Clepsidra, en
portugués
El poeta Eugénio de
Sá tradujo al portugués el último poema de Carlos Penelas.
Eu
olho para o meu rosto num espelho.
Agora
o cabelo é branco.
Eu
lembro que havia céus, trens, sacadas,
a
vastidão do tempo, o sorriso.
Meu
rosto num espelho.
Com
quem vou ter que viver?
Onde
está aquele que eu era
como
eu vim para ter esse visual
essa
boca, essa expressão, essas pálpebras?
No
entanto, eu me reconheço.
Estou
procurando a criança que uma vez fui.
Os
jogos, as histórias, as redes. O mar.
Eu
procuro a profundidade, o poema, a tarde transparente.
Eu
vejo o rosto do pai no espelho
um
gesto do irmão, o olhar da mãe.
Eu
acho que vejo meus filhos na beleza e na luz.
Os
anos me deram uma certa nobreza,
o
sucessivo assombro e amor sucessivo,
algo
solitário, incerteza, nudez,
uma
leve melancolia, uma alegria secreta.
(Às
vezes eu imagino os estuários, uma respiração,
certo
estado de coisas ao andar, os sinais,
uma
felicidade que engloba outra memória.
E
eu não sou eu nesse encontro).
Hoje
tenho setenta e três anos.
Eu
olho para o meu rosto no espelho.
martes, 9 de julio de 2019
CARLOS PENELAS, poeta y escritor argentino
MIEMBRO HONORÍFICO DE ASOLAPO ARGENTINA
Traducción al portugués por Eugénio de Sá (Sintra,
Portugal)
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